TEXTO DA CENA DO CHAPÉU

MÚSICA:

Um chapéu para cair

Um chapéu pra levantar

Um chapéu para assistir

e outro para brincar

Eu vou te mostrar coisas da minha esperteza

Porque todo maluco tem alguma coisa na cabeça

Venha se ajuntar nessa nossa brincadeira

para se expressar cada uma a sua maneira


TEXTO:

O chapéu é uma instituição social milenar. E, devido a sua antiguidade, ele nunca é apenas um chapéu. Vou colocar algo na cabeça, um lugar sagrado do corpo, o centro catalizador de toda a nossa consciência: isso muda a nossa auto-imagem. Napoleão e o seu grandioso chapéu. Coroas de Reis e rainhas, folhas de louro dos césares, Basileus com diademas, sultões e turbantes incrustados de diamantes. Chapéu é poder. Alguns chapéus são para nos proteger como soldados nas trincheiras evitando balas na testa ou ciclistas costurando carros em rodovias perigosas. Outros chapéus são magia como as copas pontudas das bruxas, cartolas de prestidigitadores e macumbeiros de ojá na cabeça. Alguns chapéus determinam nossa identidade: cristãos têm que tirar o chapéu para entrar no seu templo, já judeus têm que colocar o chapéu, muçulmanos cobrem toda a sua cabeça e monges budistas não têm chapéu, mas tiram tudo que tem na sua cabeça, inclusive o cabelo. Quantas regras tem um chapéu!! Chapéus que nos levam até os céus!  O Papa tem um enorme chapéu porque ele tem que anunciar para o seu senhor quem é o seu representante na terra. (para Deus) Aqui meu senhor, estou aqui! Não me vês na multidão com meu grandioso chapéu? Todas as religiões têm alguma coisa com chapéus, pois é pela cabeça que entram as ideias. Alguns chapéus são para reter ideias, outros para chamar ideias ou expor ideias ou passar uma ideia: veja como sou sofisticado, estou de chapéu. O chapéu é uma ideia! Todo maluco tem que ter algo na cabeça. O que você põe na sua cabeça? Que chapéu você usa? O que você trás na cabeça pode ser a fonte de muito julgamento ou então de sabedoria de iluminação! O que você trás na cabeça? Já o meu chapéu, é o clássico chapéu coco do Chaplin. Eu gosto desse chapéu. Não porque eu achei ele bonito mas porque ele é equilibr    ado. Todos os lados são iguais. Esse chapéu não tem lado. Ele não é de esquerda, nem de direita e nem é de nenhuma “terceira via”. Não é democrático, nem autoritário, não é presumçoso, nem é humilde, não tem nada de religioso e, no entanto, pra mim, é totalmente espiritual. Ele é espiritual porque a sua função é a brincadeira. E como um passe de mágica: Equilibrincadeira. Eu ponho meu chapéu e brinco e sinto uma relação com algo que não sou eu e nesse jogo de fazer amor com o mundo eu sinto a iluminação do mundo se realizando através do meu movimento e me sinto livre. Porque brincar é se iluminar e se iluminar é brincar (para a platéia com voz de criançinha) Você quer brincar comigo? O sino do erro. (Dá um sino para a pessoa) O sino do acerto. (Dá outro sino para outra pessoa)(aplausos) Obrigado! Eu tiro o meu chapéu pra vocês. O chapéu do artista é o seu ganha pão! Mas assim como o corpo tem que ser alimentado também a cabeça tem que ser alimentada de ideia. Então peço que coloquem o que vocês quiserem nesse chapéu para que eu traga na minha cabeça. E assim o meu pensamento e o seu pensamento vão estar para sempre ligados.


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OUTRAS INSPIRAÇÕES

Mais curiosidades sobre chapéus.

Chapeaux, sombrero, etc...

de onde veio a cultura de passar o chaéu.

Passar o chpéu, tirar o chapéu reverencia, tira o chapéu respeito,

Meu personagem preferido chapeleiro maluco

O mesmo chapéu pode ter diferentes conotações dependendo do contexto: O clássico chapéu panamá, por exemplo, tão característico do malandro, protege o gringo branco do sol da praia no meio dia, já de noite é adorno para sambistas alegres. No terreiro é manto ritual para o tranca-rua, já no imaginário cinematográfico do caribe, fica tão bem colocado na cabeça de um chefe do narcotráfico.

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